Cesaltina Abreu é cientista social em Angola, e possui uma trajetória de inestimáveis contribuições para o fortalecimento da Associação Internacional de Ciências Sociais e Humanas em Língua Portuguesa (AILPcsh).

A sua formação académica é marcadamente de matriz interdisciplinar. Graduada em Agronomia, com Especialização em Botânica e Protecção de Plantas pelo IAC (International Agricultural Centre), Wageningen, Holanda (1975), Cesaltina Abreu detém vários títulos académicos com uma investigação conduzida na intersecção entre a Sociologia Política e o Desenvolvimento Sustentável, na Universidade de Newcastle, no Reino Unido, com o tema “Contribuição das Ciências Sociais para os programas de doutoramento do CESSAF (Centro de Excelência em Ciências para a Sustentabilidade em África)”.

Como Agrónoma, especializou-se em Gestão de Políticas Macroeconómicas (EDI/Banco Mundial); “Dimensões Críticas da Gestão de Desenvolvimento”, LTA/EDI (Banco Mundial); Avaliação de Projectos e Gestão de Empréstimos, BAD (Banco Africano de Desenvolvimento). E mais recentemente, na Formação de Formadores do TRANSFORM em Protecção Social (uma iniciativa conjunta PNUD, OIT e UNICEF para a União Africana).

As suas áreas de interesse científico, situadas em África Austral, África e o Sul Global, são: Cidadania, Sociedade Civil, Espaço Público e Direitos Humanos; Memória Social e Construção da Nação; Participação e Governação; Pobreza e Desigualdade Social; Modernidade e Globalização; Soberania Alimentar; Ambiente e Desenvolvimento, Modos de Vida e Sustentabilidade; Humanidades Públicas e Humanidades Ambientais.

Presentemente é docente no Departamento de Sociologia, na Faculdade de Ciências Sociais, Universidade Agostinho Neto, tendo sido Chefe desse mesmo departamento até novembro de 2020. Exerce atividades de pesquisa no LAB/UCAN – Laboratório de Ciências Sociais e Humanidades da Universidade Católica de Angola, do qual é co-fundadora e co-coordenadora.

Foi Conselheira do Gabinete do Primeiro Ministro (julho1991-dezembro 1992), Diretora Executiva do Fundo de Apoio Social, FAS (1994-2000); Investigadora (e membro fundador) do Instituto de Pesquisas Económicas e Sociais (A-Ip), (1999-2008); Coordenou o Programa de apoio a organizações e redes da sociedade civil em Angola, IBIS, (2004-2010).

Aliada a sua sólida trajetória, merece destaque o seu ativismo. Em 2015, por exemplo, subscreveu uma carta de mais 224 académicos de mais de 30 países dirigida a Irina Bokova, Directora-Geral da UNESCO, posicionando-se contra o que consideram “Apagão Pedagógico Global”: a crescente mercantilização da educação, a fraca participação de professores e estudantes nas atividades promovidas, o reduzido protagonismo das línguas portuguesa e espanhola nos eventos promovidos pela UNESCO, os esforços insuficientes para garantir o direito universal no acesso à educação de qualidade, a redução da componente “ensino público”, as questões de descaso relacionadas com a resposta às necessidades especiais de estudantes, entre outros aspectos destacados na missiva.

Declara que voltaria a subscrever posicionamentos de professores, estudantes e cidadãos, em geral, que defendam a expansão e o fortalecimento dos sistemas de ensino público com base no princípio do direito universal a uma educação de qualidade, incluído numa estratégia que promova o desenvolvimento do capital humano e social, por um lado, e para responder à necessidade premente, a nível planetário, de colocar a Educação para as Mudanças Climáticas, as questões ambientais e a adopção de estilos de vida sustentáveis como eixos organizadores da filosofia dos programas curriculares. Ou seja, privilegiar as dimensões Humana, Social e Ambiental, sem as quais, os imperativos de mercado, do aumento da produtividade e do desenvolvimento tecnológico continuarão a gerar mais desigualdade social e a acelerar a exaustão dos recursos naturais.

Em Angola destaca-se sua contribuição no Conselho Científico do Ciclo de Debates: “O Que É SER ANGOLANO?”, uma iniciativa do UFOLO, Centro de Estudos para Boa Governação, e na  Plataforma Angolana da Cidadania e Dívida Pública, em que lidera a coordenação do Grupo Temático Dívida Pública e Justiça Ambiental. A nível internacional participa ainda no Collective for the Renewal of Africa (CORA); na Socialprotection.org – Rede de Formadores africanos em Protecção Social na África Sub-Sahariana, fez parte da na equipa Global V-Dem Team para o 2021’s Democracy Report (no prelo) e para o Academic Freedom Index (AFi) (Scholars in Risk) (setembro 2021).

De uma publicação académica substancial destacam-se as mais recentes: Public Humanities: Thinking Freedom In The African University. Co-organizadora com Catarina Antunes Gomes. CODESRIA. 2021; Corrigindo o que está mal, melhorando o que está bem? Relatório do projecto ‘Monitorar a governação em Angola: das eleições de 2017 à actuação governativa’, Open Society-Angola (OSISA), Novembro 2020; As times goes by or how far till Banjul: African citizenship aspirations. Co-organizadora com Catarina Antunes Gomes. Routledge, Taylor & Francis Group, UK, Novembro 2017; A Actualidade do Pensamento de Alexis de Tocqueville na Tensão entre Igualdade e Liberdade e entre Indivíduo e Sociedade nos Processos de Democratização Contemporâneos. Coleção Cadernos de Ciências Sociais, Série Sociologia Nº.3. Edições MULEMBA e Edições PEDAGO, 2015; Capítulo em Livro: Desigualdades Sociais versus Desigualdades Naturais”. Em O que são desigualdades sociais? Escolar Editora. (no prelo).