Entre os meses de março e julho de 2021, a AILPcsh realiza o Ciclo de Homenagens Mulheres Cientistas Sociais que Inspiram, em que homenageia mulheres das ciências sociais e humanas.
O marco inaugural do Ciclo 2021 é o 8 de março, internacionalmente reconhecido como homenagem à luta de mulheres por direitos. No dia 31 de julho o Ciclo 2021 será encerrado, num mês com duas datas também simbólicas: 25 de julho – Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha e 31 de julho – Dia da Mulher Africana.
Sempre é tempo de homenagear mulheres cientistas e ativistas na luta por direitos e dignidade humana. Assim, a AILPcsh faz esta singela homenagem a Mulheres Cientistas Sociais que Inspiram.

Hoje a homenagem é dedicada a Maria de Nazareth Wanderley.

Maria de Nazareth Baudel Wanderley nasceu no Recife, estado de Pernambuco, no Brasil, em 13 de maio de 1939. Formada pela Faculdade de Direito do Recife, reorientou sua trajetória profissional ao concluir, em 1975, o doutorado em Sociologia pela Universidade de Paris X, Nanterre. Seu Pós-Doutorado foi no CIRAD/Universidade Paul Valéry. Montpellier, França.

Trabalhou nos Serviços de Extensão Rural, antes de ingressar, em 1978, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo, onde se dedicou ao estudo da agricultura e do mundo rural por 20 anos e se aposentou. Na UNICAMP, instituição pública de ensino superior de excelência no Brasil e entre as melhores do país em ranking internacionais, foi coordenadora do Mestrado de Sociologia, do Doutorado de Ciências Sociais e da área Temática do Doutorado “Agricultura e Questão Agrária”.

Vinculada ao Laboratório LADYSS, participou da pesquisa comparativa internacional sobre a agricultura familiar, coordenada por Hugues Lamarche e coordenou o projeto CAPES/COFECUB sobre “Novas Perspectivas do desenvolvimento Agrícola na França, na Europa e no Brasil”.

A institucionalização do Prêmio MARIA DE NAZARETH BAUDEL WANDERLEY, a partir do VII Encontro da Rede de Estudos Rurais, realizado em 2016 na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), no Brasil, traduz a potência desta cientista social que tem formado gerações no Brasil e no exterior. A cada edição do evento da Rede, a melhor tese de doutorado, defendida em Programas de Pós-Graduação vinculados à área de Ciências Humanas e Interdisciplinares, é premiada por meio de processo seletivo, cujos critérios de análise valorizam a inovação no recorte teórico e metodológico, privilegiando as reflexões e os avanços da produção do conhecimento nestas áreas com enfoque rural

Estudos relacionado ao campesinato e ao mundo rural brasileiro tem centralidade na trajetória acadêmica de Maria de Nazareth Baudel Wanderley, autora indispensável para compor referencial teórico de pesquisas. Na Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs) foi coordenadora do GT Estado e Agricultura.

A trajetória de Maria de Nazaré, a partir de seu retorno, em 1997, ao Recife, foi de atividades acadêmicas diversificadas na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), de onde se afastou definitivamente em 2018, com uma carreira marcada pela solidez científica e ativismo com causas sociais alinhadas ao campesinato brasileiro. Fundadora e coordenadora do Laboratório de Observação Permanente sobre as Transformações do Mundo Rural do Nordeste. Coordenadora local do Projeto CAPES/PROCAD. Professora do Curso de Especialização em Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar. Membro do Comitê Assessor Externo (CAE). Embrapa Semi-árido. Petrolina (2004-2007). Consultora Ad-Hoc da Fundação Carlos Chagas/Fundação FORD. Ações Afirmativas.

Orientou teses de pós-graduação, publicou livros e artigos científicos, coordenou grupos de pesquisa, nacionais e regionais. Dentre os livros: “Um saber necessário: os estudos rurais no Brasil”. Campinas, Unicamp, 2011; “O Mundo Rural como um Espaço de Vida: reflexões sobre a propriedade da terra, agricultura familiar e ruralidade”. Porto Alegre, URGS, 2009 e “Uma singularidade histórica: o olhar de uma pesquisadora brasileira sobre o mundo rural francês”. Recife, UFPE, 2018. Em 2011, recebeu da Sociedade Brasileira de Sociologia o Prêmio Florestan Fernandes.

É casada há 48 anos com o também sociólogo Abdias Vilar de Carvalho e a filha Marina é psicóloga jurídica. A sólida família traduz a mulher sensível e de fibra que Maria de Nazareth é, potente em sua versatilidade na vida pública e privada.

A excelência de sua trajetória acadêmica é encontrada em http://lattes.cnpq.br/0405928876209185