Julho, o mês em que se celebra no dia 25 de Julho Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e no dia 30 o Dia da Mulher Africana, a AILPcsh continua a sua  homenagem às Mulheres que Inspiram gerações nas Ciências Sociais e Humanas em países de língua portuguesa. A homenageada de hoje é Patrícia Alexandre Gomes Godinho.

Sob o signo diaspórico, Patrícia Alexandre Godinho Gomes, natural de Luanda (Angola), de nacionalidade guineense e italiana, é a afirmação das suas raízes africanas, e os seus voos pelo mundo traduzem o seu percurso e trajetória.

Pós-Doutorada em História e Instituições da África pela Universidade de Cagliari, Itália (2010) e pela Universidade Federal da Bahia (2018), Doutora em História e Instituições da África pela Università degli Studi di Cagliari (2002); Licenciada em Relações Internacionais pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) da Universidade Técnica de Lisboa, com Especialização em Estudos Africanos; Patrícia Godinho Gomes tem uma trajetória académica respeitável e de nível internacional, potencializada pela sua atuação docente e de investigadora na Universidade Federal da Bahia (UFBA, Brasil), entre outras unidades no Programa de Pós Graduação em Estudos Étnicos e Africanos-Pós Afro.

A sólida formação e ênfase na história social das mulheres nas resistências anticoloniais, estudos de género e feminismos nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), mais especificamente na Guiné-Bissau e em Cabo Verde, faz de Patrícia Godinho Gomes mais que uma investigadora de alta qualidade académica, uma ativista social respeitável sobre questões de género na Guiné-Bissau e suas diásporas, assim como mais recentemente sobre feminismos africanos, com destaque aos PALOP.

O contributo como pesquisadora associada do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa da Guiné-Bissau é mais uma evidência deste compromisso radical com suas raízes guineenses. Seu compromisso com a produção do conhecimento em África por africanos/as, também se traduz por sua vinculação como membro suplente do Comitê Executivo do Conselho para o Desenvolvimento da Pesquisa em Ciências Sociais em África (Codesria) (2019-2021), a primeira guineense a ocupar este cargo. Patrícia Godinho Gomes é membro da Comissão Organizadora da Escola Doutoral Internacional ” Fábrica de Ideias”, instituída em 1998, com sede em Salvador da Bahia (Brasil), como resultado de uma iniciativa pioneira no seio das instituições universitárias brasileiras, cujo objetivo é o de promover o intercâmbio de professores e estudantes sobre temas relacionados às relações raciais e favorecer um olhar comparativo, tendo em conta os diálogos sul-sul e, mais recentemente, é membro do corpo editorial da coleção “Africa Multiple: Studies of Africa and its Diasporas”, da prestigiosa editora Brill Academic Publishers, cujo principal propósito é o de publicar estudos de caráter multidisciplinar com foco no continente africano.

No bojo de sua extensa produção académica e publicações diversificadas, destacam-se o capítulo “Pandemia, racismo, xenofobia e migrações: uma perspetiva africana a partir da cidade de Cagliari, Sardenha” do e-book “Pandemias e utopias: agendas políticas e possibilidades emergentes”, coleção Afrofuturas Estudos Étnicos, Africanos e Diversidade, UFBA, 2021, pp. 118-137, coordenado por Livio Sansone, Jamile Borges da Silva, Fábio Baqueiro Figueiredo, Felipe Bruno Martins Fernandes, Pedro Paulo Fonseca dos Santos; o Dossier “Ensino da História da África: possibilidades e estratégias”, em co-autoria com Itamar Freitas e Margarida Oliveira Dias, Salvador: Eunápolis: UNEB/DCHT, 2020; com Claudio Alves Furtado, da obra “Encontros e desencontros de lá e de cá do Atlântico: mulheres africanas e afro-brasileiras em perspetiva de gênero”, pela EDUFBA (Salvador, 2017); a co-autoria da obra “O que é feminismo?”, pela Escolar Editora (Lisboa-Maputo, 2015); “Os fundamentos de uma nova sociedade: o PAIGC e a luta armada na Guiné-Bissau” (1963-1973) publicado pela L’Harmattan Itália (2010); a organização com Muleka Mwewa e Gleiciani Fernandes, da obra “Gênero, cidadania e identidades”, pela Nova Harmonia (São Leopoldo, Brasil, 2009).Encontra-se no prelo a publicação “Vivências e significados. Vozes femininas em perspectivas de gênero de e sobre África”, em parceria com Andrea Lobo, pela Editora Abe África e a co-organização com Jamile Borges e Fábio Baqueiro Figueiredo do livro “A new age of extremes? Anti-politics and identity. Remarking the early 21st Century”, Bayreuth African Studies Online/UNIBAS, 2021.

Seus projetos de pesquisa recentes e em andamento expressam seus focos investigativos: As Ciências Sociais e o ensino na Guiné, em Cabo Verde e no Brasil: perspectivas de estudo multidisciplinar; Confronting dialogues: Trajectories, constructions and gendered emancipatory pathways in the PALOP: Guinea-Bissau, Cape Verde and Mozambique; Biografia femininas e lutas de libertação nos PALOP: os casos da Guiné-Bissau, de Angola e de Moçambique. Atuou como Revisora no Projeto Biografias de mulheres africanas (https://www.ufrgs.br/africanas/) liderado pela Rede Multidisciplinar de Estudos Africanos do Instituto Latino-Americano de Estudos Avançados da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

A relevante trajetória académica de Patrícia Gomes está disponível em http://lattes.cnpq.br/6846420617949053