Eurídice Monteiro é uma das mulheres cientistas sociais africanas que inspira gerações e honra a história da Associação Internacional de Ciências Sociais e Humanas em Língua Portuguesa (AILPcsh), onde foi presidente de 2019 a 2021.
A densidade de sua carreira acadêmica é uma das marcas de sua trajetória. É Socio-Politóloga, doutorada pela Universidade de Coimbra. É professora da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), onde exerceu importantes funções acadêmicas, a exemplo da Co-coordenação do Programa de Mestrado e Doutoramento em Ciências Sociais e a Cátedra Amílcar Cabral.
Comprometida com a AILPcsh desde sua fundação foi um dos pilares e voz ativa. Nos órgãos sociais de 2015-2019 compos o Conselho Fiscal e em 2018 foi eleita Presidente, onde foi empossada em outubro de 2019 e se afastou em maio de 2021 para assumir importante função de Estado. Atualmente exerce a função de Secretária de Estado do Ensino Superior de Cabo Verde, em que vem liderando importantes iniciativas em nivel de ciência, tecnologia e cooperação internacional para o fortalecimento e consolidação destes campos em Cabo Verde.
Na docência atuou como professora no mestrado em Segurança Pública, no mestrado em Relações Internacionais e Diplomacia Económica e no mestrado em Ética e Filosofia Política; professora nas licenciaturas em Jornalismo, Relações Internacionais e Diplomacia, Filosofia, Ciências Sociais e Ciências da Educação. O livro de crônicas Elogio da Democracia e o livro Mulheres, Democracia e Desafios Pós-Coloniais: Uma Análise da Participação Política das Mulheres em Cabo Verde, são algumas das obras de destaque na sua vasta produção acadêmica.
Escritora, para além de acadêmica. Seu trânsito na literatura traduz sua sensibilidade estética, a fluidez de sua criatividade. A publicação de seu segundo romance, intitulado A Praia dos Amores Clandestinos, lançado em 2021, é no seu dizer um manifesto feminista que se constitui em mais um pilar na construção de um imaginário de mulheres fortes, cujas histórias são tecidas em meio a intempéries, na labuta da vida e no amor que floresce. É parte da trilogia iniciada com a A Ponte de Kayetona, o segundo romance é mais um livro e que nos brinda a trazer ao lume uma dimensão memorialística, no seu dizer em uma entrevista.
Prêmios científicos e distinções são presentes em sua trajetória, o que denota não apenas a relevância de seu percurso acadêmico, como também o amplo reconhecimento de seu ativismo social, em que ter sido galardoada com o Prémio Nacional de Direitos Humanos em 2007 é uma das expressões de destaque. Menção Honrosa no âmbito da 9ª Edição do Prémio CES-UC para Jovens Cientistas Sociais de Língua Portuguesa em 2015, com sua tese de doutoramento; a conquista da bolsa Mandela Washington Fellowship for Young African Leaders (YALI), em 2016, que consiste num programa liderado pelo ex- Presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama; assim como ter sido contemplada com Bolsa de Investigação Científica da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), da Fundação Calouste Gulbenkian e do Instituto de Cooperação Portuguesa (ICP) / Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD), todos em Portugal, é mais um testemunho de sua trajetória de sucesso acadêmico.