Nilma Lino Gomes, mulher negra, educadora, ativista social e gestora de políticas públicas de destaque no Brasil, são marcas desta intelectual brasileira de renome internacional.
A sua trajetória académica é marcada pela excelência e compromisso com a produção de conhecimento com pertinência social. Graduada em Pedagogia e Mestre em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com doutoramento em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (USP). O primeiro pós-doutorado foi na Universidade de Coimbra (2006), sob supervisão de Boaventura de Souza Santos e o segundo na Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) supervisionada por Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, intelectuais que são ícones em seus campos de pesquisa. É Professora Emérita da Faculdade de Educação da UFMG, com atuação histórica na pós-graduação e graduação. Integra a Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN), a Associação Brasileira de Antropologia (ABA), bem como o GT 21- Educação e Relações Étnico-Raciais da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Educação (ANPED). Foi ainda membro do Conselho Nacional de Educação (CNE).
A honraria de Professora Emérita concedida pela UFMG em 2019 é um dos marcos de uma trajetória de raízes firmes na sua ancestralidade e histórias de uma vida. Em seu pujante discurso, Nilma Lino Gomes expressou o quanto seus passos vêm de longe: “Trago no sangue e na memória a dor do açoite e da chibata. Reconheço a presença do racismo, por mais disfarçado e ambíguo que ele possa ser. Trago a indignação contra a injustiça, a raiva contra a opressão, o desejo de mudança e uma corporeidade negra insubmissa.”
Na esfera pública ocupou altas funções de Estado, a exemplo do exercício como Reitora Pro tempore da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB). Foi Ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) em 2015 e do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos (2015-2016), ambas no Governo da presidenta legitimamente eleita, Dilma Rousseff. No seu dizer: “Se hoje sou quem eu sou, se estive nos lugares acadêmicos, institucionais e políticos por onde passei, se recebo o reconhecimento local, estadual, nacional e internacional, é porque eu nunca estive só. Minha trajetória profissional e intelectual tem sido trilhada por muitos pés e mãos. Muitas vidas estão emaranhadas em minha vida, construída por muitas vozes silenciadas e corpos violentados”
O legado da sua obra académica inspira gerações. Publicações em periódicos nacionais e internacionais, livros de ampla repercussão no campo da educação e além, são marcas de uma trajectória sólida que tem contribuído para a afirmação de projetos emancipatórios de sociedade. O seu livro «O movimento negro educador. Saberes construídos na luta por emancipação» (2017) traduz o vigor do ativismo social e engajamento na confluência de lutas e resistências históricas de negros e negras, na denúncia de um passado opressor e anúncio de esperanças e campos de possibilidades no presente e no futuro.
Bolsista de Produtividade do CNPq Nível 2, prémios diversos, orientações académicas, participação em bancas avaliadoras, publicações, entre outros registos lastro de sua história são encontradas em seu perfil académico e profissional na Plataforma Lattes.